Relativamente ao post de hoje, gostaria de vos dizer que, ainda que não seja comum, por vezes ainda acontece que a identificação de dificuldades de leitura e de escrita seja realizada, somente, durante o 3º ciclo, no secundário ou, até mesmo, na idade adulta.
Quando isto acontece, podemos considerar que este momento de identificação já surge numa fase muito tardia face ao que é expectável, o que poderá ser indicativo de que algo falhou.
Não sendo objetivo desta reflexão esmiuçar as falhas passadas, importa focar na solução e saber o que fazer a seguir, ou seja, qual o próximo passo a dar após a identificação e reconhecimento tardio da existência das dificuldades de leitura e de escrita no 3º ciclo, no secundário ou na idade adulta?
E a minha resposta é: o próximo passo deverá ser, para quem fizer sentido, a ponderação de uma intervenção especializada.
Nestas idades? Intervenção especializada? Porquê?
As dificuldades de leitura e de escrita, e mais especificamente a dislexia, é uma condição que permanecerá para sempre na vida de um indivíduo, ou seja, não é transitória. Logo, não sendo uma condição temporária mas que “veio para ficar”, através de uma intervenção especializada o jovem/adulto será dotado de ferramentas e de estratégias que lhe permitem minimizar o impacto dessas dificuldades na sua vida.
E tenhamos a consciência de que, de forma mais ou menos direta e de forma mais ou menos grave, as dificuldades de leitura e de escrita afetam todas as áreas da vida de um indivíduo. Senão vejamos: a leitura e a escrita estão inerentes a grande parte das nossas ações e rotinas do quotidiano, quer seja a escrever um e-mail, a ler/escrever um recado ou uma mensagem, a acompanhar um filme através da leitura de legendas, estudar para um teste, ler o jornal/ revista ou algo que nos desperte interesse, ler a ementa de um restaurante, etc.
Temos de ter presente que é fundamental aprender a ler e a escrever bem para, posteriormente, ler e escrever para aprender, logo, o comprometimento da capacidade de ler e escrever não é um fim em si mesmo mas, pelo contrário, impacta e interfere no acesso ao conhecimento que os jovens e os adultos adquirem através da leitura e da escrita.
Catarina Rios
Terapeuta da Fala